quinta-feira, 23 de junho de 2011

APLICAÇÕES TERAPÊUTICAS PARA VENENO DE ARANHA ARMADEIRA

Trabalho apresentado por uma equipe da UFMG  (Universidade Federal de Minas Gerais), no Segundo encontro global do Hospital A.C. Camargo.

Extremamente rápida, agressiva e venenosa, a aranha armadeira (também conhecida como aranha macaco ou aranha de bananeira) é considerada a aranha mais venenosa do mundo pela edição 2007 do Guinness.

Tipicamente sul-americana, todas as oito espécies do gênero Phoneutria (assassina, em grego) conhecidas pela ciência, ocorrem no Brasil e, por isso, é chamada Brazilian wandering spider, em inglês.

Essas aranhas produzem um potente veneno neurotóxico e picam furiosamente diversas vezes, quando incomodadas. 

Sua picada costuma provocar dor local intensa e, em crianças, pode até causar a morte. Mas toxinas presentes em seu veneno apresentaram potencial terapêutico em pesquisas com camundongos. 

Quatro dessas toxinas se mostraram eficazes para arritmia cardíaca, isquemia (diminuição do fluxo do sangue) cerebral e da retina, dor e disfunção erétil.


CANAIS DA AÇÃO

O grupo de estudos da UFMG tem mostrado que algumas toxinas do veneno inibem canais de cálcio ("poros" celulares) nas células nervosas, que aparecem aumentados em várias patologias.

Neste ano, as descobertas relacionadas à isquemia da retina e à arritmia foram publicadas nas revistas científicas "Retina" e "Toxicon".

Para tratar dor crônica, o pesquisador Marcus Vinícius Gomez afirma que uma toxina se mostrou até dez vezes mais potente do que a morfina e que, ao contrário dessa substância, não deixa de fazer efeito com o tempo.

As toxinas da aranha também são tão eficazes quanto o Prialt, um remédio aprovado nos EUA para tratar dor, uma versão sintética de um princípio ativo encontrado em caramujos marinhos.

"Mas nosso experimento mostrou mais vantagens, e uma delas é a menor quantidade de efeitos colaterais, como hipertensão e confusão mental", afirma Gómez.

No caso da isquemia, as toxinas apresentaram uma função neuroprotetora, reduzindo a morte de neurônios provocada pela privação de oxigênio que há nesses casos.

Em 1998, no Instituto Butantan, foi identificada a toxina capaz de produzir ereção em homens (um dos possíveis efeitos colaterais da picada da aranha). Os testes também só foram feitos em camundongos.

Marta Cordeiro, coordenadora da pesquisa na Funed (Fundação Ezequiel Dias), que participa do estudo sobre o veneno com a UFMG, afirma que ainda há um longo caminho para que as toxinas sejam testadas em humanos e usadas em medicamentos.


MAIS:
Vídeo sobre a Aranha Armadeira.


Fontes:
http://bocaberta.org/2010/03/a-aranha-mais-venenosa-do-mundo.html
http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/934049-veneno-de-aranha-e-testado-para-tratamento-de-arritmia-a-erecao.shtml

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